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09.05.2025

Compliance: um compromisso com o futuro

Implementar um programa de compliance com base em algum modelo previamente existente pode parecer interessante, simples, e até mesmo, atrativo.

Se inspirar em algum código de conduta já pronto ou até mesmo buscar programas de outras empresas pode aparentar uma forma segura de implementar algo muitas vezes inédito, mas também pode representar um risco de ineficácia e perda de tempo.

O compliance busca gerir os riscos legais, reputacionais e financeiros de uma organização, e, por lógica, deve ser formatado de acordo com as suas peculiaridades, haja vista que nem sempre o que é risco para uma é risco para outra.

Códigos de conduta, políticas internas, canais de denúncias e orientações procedimentais não podem ser apenas manuais de boas intenções, polidos por fora, mas ocos por dentro. A verdade é que um programa de compliance bem instituído vai além da regulamentação, e é também cultura. E uma cultura efetiva é aquela que faz sentido, que é vivida.

Já dizia o ditado: “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”. A organização precisa ter autoridade moral para cobrar a aplicação do programa, e qual a melhor forma de angariar essa autoridade senão se debruçando na sua implementação com consistência e afinco?

Maiores são as garantias de que os riscos estão sendo, de fato, geridos, quando os membros e todos os envolvidos com a organização entendem que ela vive, verdadeiramente, aquilo que prega. Que ela compreende a importância e se compromete com a ética.

E qual o principal efeito prático disso tudo: a construção de uma relação de confiança. Uma relação de confiança com os stakeholders, com o mercado, com os empregados e com todos os envolvidos com a empresa, que só tem a ganhar.

Ao implementar um programa de compliance personalizado para a organização, ela está passando a mensagem de que assume, no discurso e na prática, o compromisso com o correto. Ela está dizendo que sabe que esse compromisso transcende regramentos e controles, e se concretiza na realidade vivida no seu dia a dia. Está comunicando que o exemplo parte da liderança, que a consciência se enraizou, ou está a se enraizar, nas suas estruturas. E uma organização que se preocupa com tudo isso, é uma organização que está pronta para o futuro.

Maiara Paloschi

Advogada ZNA